A proteína cujos níveis no sangue pode ajudar a prever diabetes e a morte por cancro

A investigação ressalta não só que as pessoas com níveis elevados desta proteína podem estar em maior risco de desenvolver diabetes, como também sugere que os indivíduos com níveis elevados de açúcar no sangue e também desta proteína têm um risco significativamente maior de morte por cancro.
Um novo estudo, levado a cabo por investigadores suecos e chineses, sugere que existe uma proteína no sangue que pode servir como sinal de alerta tanto para indivíduos que correm risco de ter diabetes como para aqueles que podem morrer de cancro. Trata-se da prostasina plasmática, uma proteína que circula no sangue e é encontrada principalmente nas células epiteliais que revestem as superfícies e orgãos do corpo, conhecida por regular a pressão arterial, o volume sanguíneo e por suprimir o crescimento de tumores que são alimentados por altos níveis de açúcar no sangue.
A investigação ressalta não só que as pessoas com níveis elevados desta proteína podem estar em maior risco de desenvolver diabetes, como também sugere que os indivíduos com níveis elevados de açúcar no sangue e de prostasina parecerem ter um risco significativamente maior de morte por cancro.
Com o objetivo de “investigar as associações entre prostasina plasmática e diabetes e explorar se a prostasina tem um efeito no risco de mortalidade por cancro em indivíduos com hiperglicemia”, o estudo é o primeiro a explorar a associação de níveis sanguíneos de prostasina e a mortalidade por cancro, analisando amostras de sangue em mais de quatro mil participantes suecos de meia-idade. As amostras foram recolhidas há mais de 10 anos, como parte de um estudo prospetivo de base populacional, Malmö Diet and Cancer, que está a ser posto em prática desde 1993.
Esta é a análise mais abrangente deste género até à data e lança uma nova luz sobre a ligação biológica entre diabetes e cancro”, refere Gunnar Engström, autor da investigação e professor da Universidade de Lund, Suécia. “A prostasina pode ser apenas um indicador de que a doença pode ocorrer, ou pode ser causalmente relevante, o que é estimulante, porque levanta a possibilidade de dispor desta proteína para tratamentos futuros tanto para a diabetes como para o cancro”, adianta.
Os resultados foram claros no que diz respeito à diabetes: os níveis plasmáticos de prostasina estão positivamente associados ao risco de diabetes. De acordo com as descobertas, as pessoas com diabetes têm duas vezes mais possibilidade de desenvolver cancro no pâncreas e no fígado; uma probabilidade de 30% de desenvolver cancro no intestino e um risco 20% maior de cancro na mama.
Dos 4658 participantes, 702 desenvolveram diabetes e os investigadores identificaram uma relação linear entre a prostasina e a diabetes. Contudo, não é clara a função dos altos níveis de proteína no que diz respeito à doença, na medida em que não se sabe se é apenas um marcador biológico que aumenta à medida que a condição se desenvolve. Os autores sugerem, então, que os níveis de prostasina aumentem na tentativa de suprimir os níveis elevados de açúcar no sangue, mas temem que não sejam capazes de interromper ou reverter os danos causados.
Num segundo momento, os investigadores analisaram a ligação entre a prostasina e o risco de desenvolver cancro. Descobriu-se que esta proteína estava, efetivamente, associada ao risco de mortalidade por cancro. Aqueles que apresentaram altos níveis da proteína e de açúcar no sangue tinham maior probabilidade de morrer de cancro. Para cada duplicação na concentração de prostesina, o risco de morte por cancro aumentou 24% e 139% entre os participantes sem e como níveis elevados de glicose, respetivamente.
“A prostasina é um novo marcador de risco potencial para o desenvolvimento da diabetes e para a mortalidade por cancro, especialmente em indivíduos com níveis elevados de glicose no sangue”, refere a autora do estudo, Xue Bao, da Faculdade de Medicina da Universidade de Nanjing, China.
“A relação entre diabetes e cancro é mal compreendida e esta proteína pode fornecer uma possível ligação partilhada entre as duas condições. Agora precisamos de examinar até que ponto a prostasina está relacionada causalmente com estas doenças ou se é um marcador valioso do aumento do risco de doença”, afirma Gunnar Engström, um dos autores do estudo e professor na Universidade de Lund, Suécia.
Cientes das limitações do estudo, os investigadores reconhecem que a amostra utilizada foi reduzida, uma vez que se limitou a uma cidade sueca e os resultados podem não ser generalizados para outros países. Além disso, os níveis de prostasina foram medidos através de amostras de sangue congeladas armazenadas há mais de uma década e os investigadores não conseguiram distinguir os tipos de diabetes existentes na amostra.
11-08-2022